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Boa noite, nobres companheiros! Apesar da seca de pergaminhos que vem acometendo meu humilde Cancioneiro no mês de maio, as Crônicas de Elgalor felizmente continuam!
Espero que apreciem, e boa leitura, bravos aventureiros!
As Crônicas de Elgalor Capítulo VIII: A Guerra dos Reis (Parte 3)
Por ODIN.
A bela princesa Meliann abriu os portões dourados do palácio de seu pai e viu no jardim Astreya e Evan conversando tensos, aparentemente preocupados com o resultado do encontro do rei Coran Bhael com o Grande Rei Thingol Shaeruil. Meliann fixou seus olhos claros em Astreya por um momento. Logo em seguida, caminhou em direção à barda.
- Lady Astreya de Sírhion? – perguntou Meliann com uma voz doce, porém distante.
- Sim – Astreya se virou, e quando viu a jovem princesa de Sindhar fez uma mesura. Evan a acompanhou no gesto.
- Dizem que você é a trovadora real de Sírhion, e que está sempre próxima do rei Coran.
- Sou a trovadora real, vossa alteza – respondeu Astreya – e quando me é possível, de fato permaneço na companhia do rei Coran, como requer meu ofício. Algo a perturba?
Novamente, Meliann ficou calada, apenas observando Astreya.
- Você é uma mulher muito gentil e bonita, barda – disse Meliann finalmente.
- Não tanto quanto você – respondeu Astreya sinceramente sem entender onde Meliann desejava chegar.
- Acho que compreendo agora por que Coran Bhael se recusou a atender o pedido de meu pai – disse Meliann com um tom de voz suave mas nitidamente perturbado – por que ele se recusou a se casar comigo.
Desta vez foi Astreya quem ficou muda. Ela já se sentia um tanto insegura e até mesmo intimidada diante da bela princesa de Sindhar. Aquela era provavelmente a mulher mais linda que Astreya já havia visto. A beleza de Meliann era um dos raros casos onde as canções dos bardos não exageravam nem um pouco. Estar diante de Meliann e saber que Thingol havia cogitado a união dela com Coran deixou a barda completamente perplexa.
Notando o desconforto de Astreya, Evan colocou a mão no ombro da amiga e disse:
- Acredito que eu esteja sobrando nesta conversa. Tentarei conseguir informações sobre o exército de Sindhar o capitão da guarda, e encontro você dentro de uma hora.
- O nobre Bheleg não irá recebê-lo, bravo cavaleiro – disse Meliann a Evan.
- Por que sou um “meio humano”, não? – respondeu o paladino sem hostilidade na voz.
- Vocês não têm direito de nos julgar, nobre paladino – respondeu Meliann de maneira extremamente cortês – não sabem o que foi tirado de meu pai e de meu povo.
- Então, com sua licença – respondeu Evan fazendo uma mesura para cortar o assunto enquanto se virou e caminhou para fora da praça.
- Eu... – disse Astreya – eu não sabia disto. O rei Coran não havia dito nada sobre o que ele e Thingol discutiram semanas atrás.
- Vocês são amantes? – perguntou Meliann bruscamente, irritada pela maneira como Evan a havia ignorado.
- Com todo respeito - disse Astreya aborrecida com a pergunta – isso não lhe diz respeito, vossa alteza.
As duas bardas se encararam por alguns poucos segundos, até que Meliann instintivamente baixou o olhar. Apesar de delicada e gentil, Astreya já vira algumas das coisas mais terríveis que o mundo tinha a oferecer, e Meliann percebeu naquele instante que uma mulher que sempre vivera cercada pela proteção do pai não poderia encarar os olhos de alguém como Astreya.
- Perdoe-me – disse Meliann com sinceridade – não quis ofendê-la. Apenas...
- Eu sei o que a recusa de Coran deve ter representado para seu pai, Meliann – disse Astreya gentilmente – mas lhe garanto que não sabia nada sobre isso.
- Mas se sente feliz por Coran ter recusado, não é? – perguntou Meliann.
- Sim – respondeu Astreya sem conseguir mentir – sim, eu me sinto.
- Eu a invejo, Astreya de Sírhion. Não pelo seu amado, mas por poder estar tão perto de alguém que ama.
- Existe algum homem a quem você entregou seu coração, Meliann? – perguntou Astreya descobrindo que agora sentia apenas pena, e não ciúmes da princesa de Sindhar.
Meliann baixou o olhar por um instante e depois, fitando os olhos de Astreya disse:
- Sim, Astreya de Sírhion. Há alguém que amo e que também me ama, mas infelizmente nossos deveres nos impedem de ficarmos juntos.
- E quem é essa pessoa, Meliann? – perguntou Astreya sentindo que a princesa realmente queria conversar um pouco sobre aquilo. Para a meio elfa, duas pessoas que se amam jamais deveriam ficar separadas, e ela sabia como as obrigações de Coran mantinham os dois a uma relativa distância. Neste momento, Astreya percebeu que o que sentia de verdade por Meliann era simpatia.
Antes que Meliann pudesse responder a pergunta de Astreya, uma voz ecoou alta e debochada das portas do palácio dourado.
- Por Corellon, Astreya – disse Aramil se aproximando – pare de incomodar a princesa com suas tolices sentimentais.
Astreya olhou com raiva para Aramil, mas Meliann desviou o olhar e foi tomada por um grande sentimento de vergonha.
- Onde está meu pai lorde Aramil? – perguntou Meliann tentando desviar o assunto– a reunião de vocês já terminou?
- Sim, vossa alteza – respondeu Aramil fazendo uma reverência – logo partiremos.
- Para onde? – perguntou Astreya ainda zangada com a indiscrição do mago.
- Darakar – disse Aramil – para o claustrofóbico e sujo reino dos anões.
Neste momento, Coran deixou o palácio e se aproximou de todos eles. Seu semblante era tenso e preocupado, como se o rei sentisse que o peso do mundo pairava sobre suas cabeças, e que estivesse a ponto de cair violentamente...