Bem-vindos!
(Arte da imagem inicial por André Vazzios)
Astreya Anathar Bhael
quinta-feira, 28 de julho de 2011
As Crônicas de Elgalor Capítulo VIII: A Guerra dos Reis (Parte 8)
Saudações, nobres aventureiros! Prosseguimos com a emocionante continuação da batalha entre Skarr e o rei anão Balderk! Sem mais delongas, boa leitura e que os ventos da fortuna vos acompanhem!
As Crônicas de Elgalor Capítulo VIII: A Guerra dos Reis (Parte 8)
Por ODIN
- ACABA COM ELE! – gritou Oyama com toda a força de seus pulmões.
- Este orc é forte – reconheceu Durin, o filho de Balderk – mas meu pai é o melhor guerreiro entre a raça dos melhores guerreiros de Elgalor. Ele irá vencer.
- Com certeza – disse Hargor com seriedade.
Todos os anões estavam gritando em incentivo a seu amado e bravo rei, e mesmo respeitando a força de Skarr, em nenhum deles havia dúvida de que Balderk terminaria triunfante. Eles sabiam que o golpe com o qual Skarr atingira seu rei seria capaz de derrubar um gigante, e ver Balderk lutando ferozmente como se nada houvesse acontecido apenas aumentou o orgulho daquele povo. Bulma, por outro lado, rosnava e rangia os dentes. Melhor do que qualquer um daqueles guerreiros experientes e altamente disciplinados, ela entendia o poder da fúria de um verdadeiro bárbaro. Ela odiava, mas era obrigada a admitir que Skarr era sem dúvida o maior bárbaro que ela já vira em combate. Mesmo que Balderk arrancasse seus dois braços e suas duas pernas, ele continuaria lutando.
- MORRA! - gritou Skarr de uma maneira completamente bestial e ensandecida enquanto desferia arcos amplos e violentos com seu poderoso machado, que como sangrava continuamente, já deixara diversas poças de sangue no campo de batalha.
- Você primeiro – rosnou Balderk bloqueando um golpe com seu escudo e desferindo um corte profundo na coxa de Skarr com seu machado. Skarr cambaleou, mas se recuperou rapidamente em um salto, girando ferozmente seu machado na altura da cabeça de Balderk. Balderk posicionou seu escudo de acordo, e praguejou em sua língua quando o machado atingiu em cheio seu escudo. Aquele já devia ser o sexto golpe que Balderk aparava daquela maneira, e sabia que dentro de mais quatro ou cinco bloqueios, mesmo o seu braço quebraria com a força dos impactos. Mas não foi isso que preocupou o rei dos anões. O que o enfureceu é que naquele exato instante que o machado de Skarr atingiu seu escudo, ele estava posicionado sobre uma das várias poças de sangue geradas pelo machado de Skarr. Balderk procurou firmar sua base de combate, mas sabia que isso seria praticamente impossível. No instante seguinte, o Grande Rei dos Anões foi arremessado violentamente contra o chão.
Elfos e anões emudeceram naquele momento, enquanto os tambores orcs soavam cada vez mais altos. Como um tigre, Skarr avançou sobre Balderk com um golpe poderosíssimo de seu machado. Balderk rolou para o lado e quando estava para se levantar, sentiu o pé esquerdo de Skarr explodindo contra seu rosto. Elenna inconscientemente gritou naquele momento, pois durante todo o combate estava fazendo comparações sobre o que Coran ou Bheleg fariam se estivessem ali; naquele momento, ela foi obrigada a admitir para si mesma que se seu tio ou o rei de Sírhion fossem pisoteados daquele jeito, seus crânios teriam se partido ao meio.
Balderk sentiu tudo escurecer ao seu redor, mas não perdeu a consciência. Skarr forçou seu pé para esmagar o crânio do anão, enquanto desferia mais um golpe com seu machado bem no peito de Balderk. O anão bloqueou o golpe com o escudo, e desferiu um golpe preciso com seu machado; não no pé de Skarr, mas no ligamento que ficava atrás do joelho esquerdo do orc. Quando o machado de Balderk rasgou a perna de Skarr quase a arrancando, Skarr urrou de dor e instintivamente afrouxou o pé que prendia Balderk. Cego de raiva e dor, ele desferiu mais um golpe contra Balderk. Este golpe novamente foi bloqueado com o escudo de Balderk, mas sua força fora tão grande que o rei anão sentiu seus ossos trincando com o impacto. Mais um golpe e seu braço estaria inutilizado.
Da melhor forma possível, Balderk se levantou, e notou que mesmo sem ter praticamente apoio algum em uma das pernas, Skarr continuava a atacar, e parecia que até mesmo seu machado tinha vida própria. Skarr não possuía mais precisão alguma em seus golpes devido à falta de firmeza em sua base, mas os ferimentos causados pelo anão deixaram o orc ainda mais forte e mais rápido. Skarr era além de tudo, um combatente muito experiente, como Balderk pôde observar; se ele arriscasse encontrar uma brecha na defesa do orc e falhasse, seria instantaneamente decapitado. Restava apenas uma opção.
- Glória ou morte! – gritou o anão arremessando longe seu escudo e segurando seu machado com as duas mãos.
Skarr atacou ferozmente em um arco vertical descendente, e Balderk habilmente virou a lâmina do seu machado de modo que ela aparasse o golpe. As Lâminas do machado de Skarr e do machado de Balderk se chocaram violentamente, causando um pequeno clarão seguido do ruído de um trovão. O braço direito de Balderk pareceu quebrar com o impacto, mas como Skarr não era capaz de sustentar uma base eficiente, seu ataque não pôde ser desferido com toda a força. Balderk firmou suas fortes pernas no chão e rugiu, como se tentasse ganhar ainda mais força para resistir. Skarr pressionava seu machado para baixo com violência, e quando Balderk olhou nos olhos sedentos de sangue do orc sentiu que ele estava instintivamente preparado caso o anão tentasse esquivar e atacar ou usar uma rasteira. Mas este não era o plano de Balderk.
Por mais de dois minutos, os dois guerreiros permaneceram imóveis apenas tentando sustentar suas posições. O primeiro que cedesse ali estaria morto.
- Balderk está contando que seu vigor supere o de Skarr, não é? – disse Astreya a Coran, sentindo seu coração palpitar cada vez mais forte.
- Ele não tem como medir o vigor de Skarr, Astreya – respondeu Evan – ele não apostaria a batalha em uma variável que não conhece.
- Então no que ele está apostando? – perguntou Tallin impaciente.
- Naquilo que conhece – respondeu Bheleg.
- Que é... – perguntou Tallin novamente.
- Aço – disse Durin a Oyama e a Hargor do outro lado do vale – meu pai confia em nosso aço, e a esta altura sabe que ele é superior ao aço usado no machado de Skarr.
No terceiro minuto daquele “teste de resistência” a lâmina do machado de Balderk começou a atravessar lentamente a lâmina do machado de Skarr. Os instintos selvagens do bárbaro orc não possuíam saída para aquilo, e Skarr rosnou e forçou ainda mais sua arma. Aos poucos, o machado de Balderk foi abrindo o grande machado de Skarr ao meio, e quando a lâmina do machado sangrento estava toda destruída, Skarr largou a arma e atingiu um soco certeiro no nariz de Balderk com seu punho revestido por uma pesada luva de ferro negro repleta de espinhos. Balderk sentiu seu nariz se quebrar em mil pedaços e novamente sentiu como se estivesse à beira de perder a consciência.
Mas isso agora não importava, pois no momento que Skarr avançou para atingir o rosto de Balderk com um soco, seu próprio rosto encontrou o fio do machado do rei dos anões, e foi instantaneamente dividido em dois.
domingo, 24 de julho de 2011
Evan escreve, Bulma desenha!
Assim como quando nosso amigo Mário começou o excelente O Blog Xadrez, posso dizer que tenho orgulho de possuir tantos amigos talentosos, incluindo também nosso paciente ilustrador e diagramador André "Frodo" Bacchi. Parabéns a estes que sabem utilizar o seus dons com muito esforço e dedicação e nos brindam com cores e formas neste mundo por vezes cinza!
quinta-feira, 21 de julho de 2011
As Crônicas de Elgalor Capítulo VIII: A Guerra dos Reis (Parte 7)
Saudações, amigos! Esta noite, trago-vos mais uma emocionante parte das Crônicas de Elgalor! Espero que apreciem e boa leitura!
As Crônicas de Elgalor Capítulo VIII: A Guerra dos Reis (Parte 7)
Por ODIN.
O clima era de tensão absoluta no Vale do Escudo Partido; Skarr havia surgido, e trazia consigo milhares de guerreiros orcs, que ocupavam todo o flanco norte do local. Os Guerreiros Dourados de Sindhar, os Cavaleiros da Lua de Sírhion e a Guarda do Trovão de Darakar ocupavam todos os outros flancos do vale, mas ainda eram inferiores em número aos guerreiros de Skarr.
- Para o seu próprio bem, cão – disse Balderk encarando Skarr nos olhos – é bom que seu machado seja mais preciso do que seu cuspe.
- Fale bravamente enquanto pode, nanico! – rosnou Skarr se aproximando lentamente – quando eu acabar com você, não vai sobrar sequer ossos para os ratos roerem, e eu mesmo vou devorar sua carne e beber de seu sangue!
Os orcs vibraram com as palavras de Skarr, e começaram a rir, gritar e tocar tambores de guerra em uma melodia perturbadora e macabra. Skarr continuou se aproximando lentamente de Balderk, até que ambos ficassem a menos de três metros um do outro. O rei dos anões era robusto e vigoroso, mas Skarr tinha uma constituição física quase tão densa quanto a do rei dos anões. Além disso, com seus dois metros e meio, tinha cerca de um metro de altura a mais do que Balderk.
- Tão pequeno... – provocou Skarr com um sorriso macabro no rosto repleto de cicatrizes – quase dá pena... QUASE.
- Não se preocupe com a diferença de altura – respondeu Balderk de maneira calma e fria, fitando desafiadoramente os olhos de Skarr – dentro de alguns instantes, deceparei suas duas pernas, e teremos o mesmo tamanho.
- Falar é fácil, anão tolo – rosnou Skarr girando seu enorme machado de lâmina sangrenta no ar.
- Então cale essa boca imunda e vamos logo ao que interessa! – rosnou Balderk erguendo seu machado e preparando seu escudo.
Neste momento, um círculo vermelho se formou ao redor dos dois, formando uma área de 10 metros de raio. Em seguida, uma redoma transparente começou a se formar, e quando ela se completou, adquiriu uma coloração prateada. Thingol, que estava fora da barreira deu um passo para trás, em silêncio absoluto.
- Espere um pouco, rainha élfica – gargalhou Skarr – assim que eu devorar este porco que pensa ser um javali, arrancarei suas vísceras delicadas e as darei a meus lobos!
Thingol simplesmente ignorou Skarr com um desprezo e indiferença tão grande que o orc ficou extremamente irritado. A arrogância dos elfos sempre o enfureceu, e aquele lhe parecia, sem sombra de dúvida, o elfo mais arrogante daquele mundo.
- Esta barreira prateada... – disse Astreya a seus amigos e a Coran – indica que nossos deuses também estão aqui, não é?
- Sim – respondeu uma voz suave e delicada vinda de trás.
- Meliann? – disse Coran surpreso ao ver a princesa de Sindhar junto do capitão Bheleg naquele local – vossa alteza não deveria estar aqui.
- Eu não podia deixar de vir, rei Coran – respondeu ela fazendo uma mesura – não quando meu pai está correndo um risco tão grande.
- Por opção dele – atreveu-se Tallin.
- De qualquer modo – começou Bheleg fulminando Tallin com um olhar – a princesa Meliann realmente não deveria estar aqui, mas...
- Se porventura meu pai for derrotado – disse ela quase desmaiando ao considerar a possibilidade da morte do querido pai – eu terei o dever de guiar nosso povo, e não teria coragem de encará-los se não fosse mulher o bastante para vir até aqui.
- Eu entendo – disse Astreya – faria o mesmo no seu lugar.
- Mas por que vocês estão aqui, e não com as forças de Sindhar? – perguntou Evan.
- Eu tenho que discutir algumas coisas com o rei Coran, e Meliann insistiu para vir junto – respondeu Bheleg quando um trovão rasgou o céu.
Como que fascinados por magia, todos os presentes no Vale do Escudo Partido olharam para a redoma no mesmo instante, e viram que o combate havia começado.
Skarr gritou ferozmente, e seus músculos cresceram de forma assustadora. Seu rosto quase se desfigurou tamanha a fúria e ódio que agora o dominavam, e ele saltou sobre Balderk brandindo seu machado profano com uma força que seria capaz de partir rochas assim como uma faca corta manteiga quente. Balderk habilmente se esquivou da primeira machadada, e bloqueou a segunda com seu pesado escudo. Quando o machado de Skarr atingiu o escudo de Balderk, um estrondo assustador pôde ser ouvido em todo o vale. A força do golpe, apesar de terrível, não foi capaz de desequilibrar a base de Balderk, que contra-atacou ferozmente fazendo um arco horizontal com seu machado no pescoço de Skarr. Movido por um instinto bestial forjado em centenas de batalhas, Skarr se esquivou por menos de um centímetro da lâmina de Balderk. O rei dos anões estava com o escudo pronto para atingir em cheio o rosto de Skarr, mas no último momento decidiu que aquele movimento deixaria uma brecha perigosa demais em seu flanco esquerdo, e que provavelmente não atordoaria aquele orc. Balderk se virou, posicionando-se no flanco direito de Skarr, que estava completamente aberto. Quando o anão desferiu seu golpe, viu o machado de Skarr girando novamente em sua direção, formando um arco vertical descendente, que tinha pouca precisão, mas possuía uma força avassaladora. Se ele bloqueasse com o escudo, não seria capaz de atacar. Confiando em sua armadura e na sua vasta experiência, Balderk deslizou um pouco para o lado esquerdo e golpeou as costelas de Skarr com toda sua força. O machado de Skarr desceu impiedosamente sobre o ombro de Balderk, criando uma rachadura na armadura e um corte profundo no ombro do rei. Imediatamente, Balderk percebeu que o machado de Skarr carregava algum tipo de veneno, pois sentiu a ferida queimar como se estivesse devorando sua carne. Balderk rangeu os dentes com força e sabia que aquele veneno seria capaz de derrubar um ogro, mas não o Grande Rei de Darakar. O machado de Balderk atravessou as costelas de Skarr com precisão cirúrgica, rasgando um dos pulmões do grande orc. Skarr urrou de dor, mas não parou seu assalto, e desferiu mais duas machadadas contra Balderk.
- Por... por Corellon... – disse Meliann tremendo compulsivamente – eu nunca pensei que...
- Calma – disse Bheleg segurando-a nos braços e virando o rosto da jovem – ele não chegará tão perto de seu pai.
Coran e Evan se entreolharam preocupados. Apesar de Balderk ser o guerreiro mais poderoso de Elgalor, Skarr definitivamente não era um orc qualquer.
- 50 peças no anão – Tallin falou subitamente – alguém cobre?
- Não é hora para isso! – explodiu Astreya se arrependendo logo depois, pois sabia que Tallin estava apenas tentando ajudar.
Sem perceber, Astreya segurou forte a mão de Coran naquele momento, enquanto olhava para Meliann. Ela tinha diversas razões em sua mente para sentir um certo ciúme da bela princesa, mas quando a viu com os olhos cheios de lágrimas e a maneira como ela havia se aconchegado nos braços de Bheleg, percebeu que não havia razão para tais sentimentos. E antes que percebesse, os braços de Coran já haviam suavemente envolvido seu corpo. Tallin olhou para os lados e notou que os elfos de Sírhion e de Sindhar estavam praticamente mudos, assim como Thingol Shaeruil, que parecia estudar cada movimento que Skarr fazia.
- Humph! – resmungou Elenna Aldalen para Aramil enquanto se esforçava para esconder o fato de suas pernas estarem tremendo – Rei Coran ou meu tio seriam capazes de derrotar facilmente esta besta, não acha, lorde Aramil?
- Não há porque pensar nisso, uma vez que nenhum deles cruzará espadas contra Skarr, Elenna – respondeu Aramil com indiferença.
- Mas ao contrário do que os humanos e anões tolos dizem, Balderk não é melhor do que os melhores guerreiros de nossa raça – respondeu Elenna com orgulho e uma certa dose de insegurança - Eles são muito mais ágeis, velozes e...
- Cale-se, criança – disse Aramil aborrecido – nosso representante é Thingol Shaeruil, o maior arquimago de toda Elgalor. E ele, ao contrário de você, está focado naquilo que realmente importa. Se encontrar seu tio, verá que ele também está quieto e prestando atenção a cada movimento que é feito na luta.
Elenna virou o rosto contrariada, pois esperava que Aramil, um dos mais xenófobos elfos de toda Sindhar, fosse apoiar sua causa. Quando conseguiu encontrar seu tio com o olhar, percebeu que ele abraçava Meliann, mas realmente observava cada movimento feito como se estivesse gravando-os. O rei Coran e até mesmo o meio elfo Evan também faziam o mesmo. Sem outra alternativa, ela cruzou os braços e, como os outros guerreiros de seu povo, também observou a luta em silêncio. Mas suas pernas ainda tremiam...
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Feliz dia do amigo!
domingo, 17 de julho de 2011
Imagens de "O Hobbit" - Anões, Bilbo e Gandalf
terça-feira, 12 de julho de 2011
Mais uma chance de ganhar um ASGARD RPG só seu! - RPGames Brasil Invade Asgard!
sábado, 9 de julho de 2011
As Crônicas de Elgalor Capítulo VIII: A Guerra dos Reis (Parte 6)
Saudações, nobres companheiros! Odin voltou a seus salões já nos presenteando com um novo capítulo das Crônicas de Elgalor. Sem mais delongas, vamos ao que interessa!
As Crônicas de Elgalor Capítulo VIII: A Guerra dos Reis (Parte 6)
Por ODIN.
Os dias restantes para o duelo contra Skarr passaram rapidamente, tanto para elfos quanto para anões. Por opção do Alto Rei Élfico Thingol Shaeruil, o rei de Eredhon, Thérion I não foi informado sobre o confronto, pois Thingol não desejava a interferência dos humanos, devido a uma experiência terrível que teve com eles séculos atrás. Em Sírhion, Coran e Astreya se falaram muito pouco, pois o rei esteve ocupado o tempo todo organizando seus Cavaleiros da Lua para um combate em larga escala que provavelmente ocorreria após os duelos, independente do resultado.
- Há quanto tempo, lady Astreya - soou uma voz suave, porém firme pouco depois que Astreya terminara sua oração – Espero não estar interrompendo.
Astreya virou-se rapidamente, instintivamente levando a mão onde estaria o punho de sua espada. Ela quase gritou, quando viu a figura de um homem velho e imponente, trajado em um manto dourado e um turbante cor de areia.
- Senhor dos Ventos! – exclamou Astreya.
- Sim, Astreya, sou eu – respondeu o velho fazendo uma mesura – mil perdões por adentrar seus aposentos dessa maneira, mas preciso muito falar com você a sós.
- É claro, mas.... – hesitou Astreya por um instante – onde o senhor esteve todo esse tempo? Passamos por imensas dificuldades, e nosso amigo Erol...
- Está morto... – completou o Senhor dos Ventos com pesar em sua voz – Eu lamento muito por isso, mas como sabe, meu tempo entre vocês é extremamente limitado.
O Senhor dos ventos colocou a mão esquerda dentro de seu manto e tirou de lá uma pequena jóia branca como a neve.
- Vim lhe trazer isto – disse ele estendendo sua mão para que Astreya pegasse a jóia.
- O que é? – perguntou Astreya sentindo um grande poder mágico contido naquela pequena jóia.
- Aquilo que você precisar – respondeu o Senhor dos Ventos de forma séria e enigmática – Aquilo que você precisar, no momento em que você precisar.
- Se isto é tão poderoso – disse Astreya pegando a jóia enquanto tentava se manter calma – por que não nos deu isto antes?
- Porque se eu tivesse lhe dado a jóia quando vocês enfrentaram Thurxanthraxinzethos você a teria usado para salvar seu amigo, não é? – perguntou o Senhor dos Ventos com gentileza.
- Sim – respondeu Astreya com sinceridade.
- E neste caso – disse o Senhor dos Ventos baixando sua cabeça – estaríamos condenados ao final deste dia.
- Como assim?! – explodiu Astreya enquanto sentia um terrível calafrio percorrendo sua espinha – Vai acontecer algo terrível, não é? Skarr vai matar Thingol e Balderk?
- Talvez – respondeu o Senhor dos Ventos – mas isso não é o pior.
Astreya sentiu que suas pernas começaram a tremer, mas forçou-se a permanecer firme.
- É muita responsabilidade – disse ela olhando para a jóia – entregue-a a Aramil ou a Hargor...
- Apesar de Aramil e Hargor serem mais experientes e mais velhos do que você – disse o Senhor dos Ventos gentilmente colocando a mão no ombro de Astreya – apenas você possui a energia certa e na intensidade capaz de ativar o poder da jóia.
- Que energia é esta? – perguntou Astreya.
- Amor – respondeu o Senhor dos Ventos.
- Mas devo avisá-la... – continuou o senhor dos Ventos – que você não deve usar a jóia de forma egoísta.
- Eu jamais usaria ela para proteger apenas minha própria vida – retrucou a barda com convicção, mas internamente temendo muito o sentido oculto nas palavras do senhor dos Ventos.
- Há outros tipos de egoísmo, criança – respondeu ele – e creio que sabe disso.
Após proferir estas palavras, o Senhor dos Ventos desapareceu do quarto de Astreya. A barda ficou alguns momentos olhando inerte para a pequena jóia, até que ouviu alguém bater à sua porta.
- Quem é? – perguntou a barda educadamente enquanto guardava a jóia.
- Coran – respondeu a voz do outro lado.
Astreya correu e abriu a porta, fazendo uma mesura delicada.
- Em que posso ajudá-lo, Coran? – perguntou a barda.
- Logo partirmos, Astreya – respondeu o rei, que já estava trajando sua bela armadura de combate azul e prateada – você parece preocupada. Mais do que eu esperaria.
Astreya baixou a cabeça e seus olhos começaram a verter pequenas lágrimas enquanto a barda tentava decidir se contava algo a Coran.
- Tudo ficará bem – disse ele gentilmente limpando as lágrimas da barda com seu dedo enluvado e beijando suavemente seus lábios - Tudo ficará bem.
Astreya o abraçou com toda a força de seus braços e ambos permaneceram daquela forma por alguns instantes, até que Coran beijou sua testa e deixou-a sozinha no quarto para que ela vestisse sua armadura, e foi exatamente isso que Astreya fez; vestiu sua armadura, pegou seus itens e armas e repetiu dúzias de vezes as palavras de Coran: “Tudo ficará bem”.
As horas passaram rapidamente. Em pouco tempo, Astreya, Evan e Coran estavam no Vale do Escudo Partido, um vale gigantesco cercado por dezenas de montanhas. Aquele local já fora palco de uma batalha que envolveu mais de dois mil elfos e anões lutando contra cerca de seis mil orcs e seu último rei demônio, derrotado por Balderk I em combate singular. A batalha de hoje teria uma escala infinitamente menor, mas seria de igual importância para o destino dos povos livres de Elgalor. No flanco leste da região, estavam alojadas as tropas de Sírhion, local onde Coran, Evan e Astreya estavam. Ao lado deste flanco, mais ao norte, estavam as forças de Sindhar, lideradas por Bheleg Aldalen. Astreya notou com preocupação e surpresa que a princesa Meliann também estava lá, ao lado de Aramil, Tallin e de sua melhor amiga, a sobrinha de Bheleg, Elenna Aldalen. Ao sul das forças de Sírhion, estava a guarda de elite de Darakar, a temida Guarda do Trovão. Com eles estavam Hargor, Oyama, Bulma e Dúrin, o filho mais velho de Balderk, também conhecido como o Leão de Darakar. Conforme combinado, a maior parte das forças de Darakar e todos os elementais que serviriam Thingol estavam completamente ocultos. As forças dos três exércitos somados formavam um contingente de cerca de mil e quinhentos homens, mas não ocupavam nem um terço da planície.
No centro do vale estavam apenas Balderk I e Thingol Shaeruil, cada um com uma das cornetas negras dadas por Skarr aos heróis de Elgalor. Balderk trajava sua bela e poderosa armadura completa de batalha, um escudo grande habilmente ornado com o símbolo de um martelo e um trovão e seu machado, o Arauto das Tempestades. Thingol vestia um belo manto élfico verde claro com diversas runas douradas que lhe conferiam enorme proteção mágica. Em sua mão direita, o Alto Rei dos elfos carregava o Cajado do Sol e das Estrelas, o mais poderoso artefato de Sindhar, criado por ele próprio.
Apesar do enorme contingente de guerreiros ali presente, era possível ouvir o som do vento frio que soprava naquela região. O silêncio era quase absoluto. Balderk olhou para Thingol, deu um passo à frente e disse:
- Vamos acabar logo com isto! – Nisso, o Grande Rei dos anões soprou a corneta negra com toda a força de seus poderosos pulmões.
Neste momento, parecia que até o vento havia parado de soprar, mas nada aconteceu. De repente, rápido como um piscar de olhos, um gigantesco portal cor de sangue e fogo se abriu no chão na porção norte do vale, e dele surgiram milhares de guerreiros orcs, todos fortes, usando elmos fechados e armaduras negras, carregando enormes machados de lâmina dupla e lanças serrilhadas. Eles berravam e rosnavam, e alguns inclusive tocavam tambores de guerra. Aramil teve a impressão de contar cerca de quatro mil orcs, que preencheram completamente o flanco norte do vale.
A frente deles, surgiu um orc gigantesco e extremamente forte, de pele cinzenta coberta por dezenas, talvez centenas de cicatrizes. Seus olhos eram vermelhos como sangue fresco, e suas presas, afiadas como as de um lobo. Ele carregava consigo um enorme machado de lâmina negra que continuamente respingava um sangue fétido e viscoso, e trajava um grande cinturão e uma manopla repleta de espinhos, ambos feitos de uma espécie de ferro negro como a noite. Ele avançou até chegar a cerca de dez metros de Balderk. E com uma gargalhada sádica, cuspiu na direção do rei anão.