Bem-vindos!

Bons amigos, valorosos guerreiros da espada e da magia, nobres bardos e todos aqueles com quem tiver o prazer de cruzar meu caminho nesta valorosa, emocionante e por vezes trágica jornada em que me encontro! É com grande alegria e prazer que lhes dou as boas-vindas, e os convido a lerem e compartilharem comigo as crônicas e canções que tenho registradas em meu cancioneiro e em meu diário...Aqui, contarei histórias sobre valorosos heróis, batalhas épicas e grandes feitos. Este é o espaço para que tais fatos sejam louvados e lembrados como merecem, sendo passados a todas as gerações de homens e mulheres de coração bravo. Juntos cantemos, levando as vozes daqueles que mudaram os seus destinos e trouxeram luz a seus mundos a todos os que quiserem ouvi-las!Eu vos saúdo, nobres aventureiros e irmãos! Que teus nomes sejam lembrados...
(Arte da imagem inicial por André Vazzios)

Astreya Anathar Bhael

terça-feira, 29 de junho de 2010

Into the Wilderness


Boa noite, caros amigos e visitantes. As canções que trago hoje a vós me são muito importantes e nostálgicas, e certamente podem acompanhar vossas aventuras especialmente se elas possuírem uma temática muito específica que acredito que vós todos poderão identificar.


Recentemente, ouvi de um bardo um tanto excêntrico a história da morte fictícia de um dos piores vilões de todo o universo (como gostaria que a história real tivesse sido assim). Qual não foi a minha alegria ao escutar logo na abertura de tal saga uma canção que há tempos não ouvia e da qual praticamente não me lembrava, pois fora cantada para mim apenas em meus tempos idos de infância, quando meu pai (que não possui uma voz tão bela) ainda tinha a coragem de me assobiar algumas canções de ninar... Com lágrimas nos olhos, me relembrei da bela Green leaves of summer, canção que vos trago abaixo acompanhando imagens da interessante história que mencionei...



The Green Leaves of Summer - Nick Perito (esta canção foi originalmente composta para acompanhar a saga "O Álamo", de 1960).


Imediatamente lembrei-me de outra saudosa canção, que acompanhou um grupo de intrépidos aventureiros na saga chamada Wild Arms...



Into the Wilderness - Michiko Naruke


Duas belas canções para acompanhar aventuras no chamado Velho Oeste, ou em qualquer outro lugar ou mundo ...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

As Crônicas de Elgalor - Capítulo 6: O Olho de Charoxx


Bravos aventureiros, é com certo atraso - como sabeis, os salões de Odin estão em Guerra - que trago-vos, sob a benção de Odin, o sexto capítulo das crônicas de Elgalor, quando o combate com o temível dragão Charoxx torna-se iminente...


Que os ventos de um destino abençoado estejam sempre convosco, bons companheiros...


As Crônicas de Elgalor - Capítulo 6: O Olho de Charoxx

Tudo aconteceu muito rápido.

Quando a magia de Charoxx, o Destruidor de Mundos, atingiu o grupo de heróis como uma onda de choque, anulando suas proteções mágicas, todos ficaram momentaneamente imobilizados, pela surpresa. Como aventureiros experientes, já estavam prontos para a possibilidade de perecerem enfrentando o dragão, mas naquele momento, sentiram que seria possível tombar antes de sequer chegar perto de seu inimigo.

- Estais com frio, bravos aventureiros? – debochou Charoxx maliciosamente com sua poderosa voz, que ecoava por todo o grande corredor – Ou será medo? Seja como for, tenho algo para esquentar vossos corpos e corações.

Charoxx respirou fundo. Quando soltou o ar, um gigantesco jato de fogo preencheu completamente o corredor, indo velozmente na direção dos heróis.
- Aramil! – gritou Astreya.
- Eu sei, meio-humana! – gritou o mago elfo estendendo seu cajado dourado a frente com a mão direita enquanto fazia gestos sutis com a mão esquerda.
O cajado de Aramil brilhou e uma redoma de energia se formou em volta dos heróis, pouco antes do sopro de fogo de Charoxx atingi-los.
- Quanto tempo sua barreira agüenta, Aramil? – perguntou Oyama.
- Até que o dragão use um raio de desintegração para destruí-la – respondeu Aramil sem a habitual arrogância, pois precisava se concentrar muito para manter a redoma, que era impiedosamente atingida pelo feroz sopro de fogo de Charoxx.
- Temos que ser rápidos – disse Hargor erguendo seu martelo e começando novamente uma oração:
- “Grande Pai e forjador de almas, invoco tua nobre benção para esta batalha. Que uma vez mais nossos espíritos e corpos recebam o vigor das montanhas, e que nossas armas golpeiem como o aço sagrado de tuas Forjas”.

Novamente uma aura prateada envolveu os heróis, que se sentiram mais fortes e vigorosos. Astreya fechou os olhos e se concentrou por um momento. Quando a barda abriu os olhos, estendeu sua mão e começou a conjurar uma magia.
- “Nobres espíritos do plano astral, permitam nossa passagem e nos levem diretamente até nosso destino”
Quando a barda proferiu a última palavra, um pequeno portal apareceu diante de todos, dentro da redoma mágica de Aramil. Neste exato instante, o sopro do dragão inesperadamente cessou.
- Ele vai desintegrar a muralha! – Gritou Aramil
- Passem pelo portal, rápido! – gritou Astreya
- Seu portal vai nos levar para fora, não é? – perguntou Aramil já sabendo a resposta que obteria.
- Não, para dentro – respondeu Astreya um tanto insegura, pois poderia estar levando todos para a morte – temos uma missão a cumprir.
- Sua louca, como você...
Antes que Aramil pudesse concluir seu protesto, Oyama o agarrou e saltou com o mago em direção ao portal.
- Vamos, elfo – disse Oyama nervoso, mas se divertindo com a expressão no rosto de Aramil – ele iria nos achar lá fora mesmo. Agora é matar ou morrer!
- Depressa! – gritou Erol entrando no portal, seguido de Bulma, Hargor e Astreya.

Após atravessarem o portal, todos se viram dentro de uma imensa caverna no interior da montanha, cujo tamanho comportaria seguramente um forte de médio porte. As paredes eram negras, iluminadas por centenas de filetes de lava incandescente. A cerca de vinte metros, deitado e de costas para eles, estava Charoxx, o Dragão Abissal.

Mais uma vez, todos ficaram momentaneamente imóveis. Mesmo estando deitado, já sabiam que aquele era o maior dragão que já encontraram. Suas escamas pareciam tão espessas quanto uma parede de mitral, e eram de cor vermelha levemente enegrecida. Em alguns pontos, elas apresentavam terríveis cicatrizes, comprovando que aquele dragão provavelmente já sobrevivera a muitas batalhas.
- Trouxestes meus presentes, jovens crianças? – perguntou o dragão sem se mover, com uma voz doce e suave, quase como se fosse um amigo de longa data.

Astreya pegou sua harpa e começou a tocá-la de maneira suave. A barda sabia que a voz de um dragão pode enfeitiçar mesmo os mais fortes espíritos, mas sua música poderia anular este efeito, ao menos por algum tempo. Neste momento, todos permaneceram em silêncio, prontos para atacar, mas tensos, esperando alguma armadilha por parte de Charoxx. Se divertindo com a apreensão dos heróis, o grande dragão virou seu pescoço lentamente e pela primeira vez todos puderam ver sua face.

O rosto de Charoxx possuía uma imensa cicatriz próxima ao olho direto, que brilhava como um rubi. Seu outro olho era incandescente como o magma. Suas presas, enormes e disfarçadas em um leve sorriso, poderiam facilmente dilacerar a mais resistente armadura dos anões.
- Bela melodia, barda. Tu cantarás em minha honra por muitas noites – disse o dragão apenas observando os aventureiros – Cheguem mais perto, crianças e deixem no chão meus presentes.

Aramil, mais do que os outros, fitou com atenção o olho esquerdo de Charoxx. Após alguns instantes, o orgulhoso mago sentiu que precisava reunir toda sua força de vontade para não fugir em completo pânico, pois compreendera o que aquele olho representava. Astreya mudou sutilmente o tom da melodia que entoava com sua harpa, e todos os aventureiros sentiram um pulso de coragem e sede de batalha inundarem seus corações.
- Venha pegar seus presentes! – gritou Oyama correndo em direção ao dragão.
- Morte!! – urrou Bulma entrando em seu estado de frenesi guerreiro, correndo ferozmente na direção de Charoxx enquanto seus músculos se expandiam conferindo à bárbara força e vigor quase sobrenaturais.
- Nobres espíritos elementais da água, ouçam meu chamado, e envolvam todos aqui presentes em vosso manto protetor – Disse Aramil se concentrando para conjurar sobre seus aliados a proteção Elemental contra o sopro de fogo do dragão. O mago pretendia conjurar uma proteção Elemental diferente, mas como a anterior fora dissipada por Charoxx, o elfo não tinha escolha.
Hargor e Erol avançaram com as lanças, enquanto Astreya permaneceu para trás, junto à Aramil para oferecer suporte mágico ao grupo.

“Irmãos de armas, companheiros de jornada, que por nossas espadas e lanças
este nefasto dragão sinta o poder de nossa coragem e justiça. Que nossas lanças rasguem e perfurem, e que diante do perigo, nossos corações jamais recuem” – cantou a barda, fortalecendo ainda mais o espírito de luta dos bravos guerreiros.

Subitamente, rápido como um raio, Charoxx se levantou e abriu suas gigantescas asas. Seu corpo inteiro era coberto por terríveis cicatrizes. Ele gargalhou e depois rugiu. Tamanha era a presença e o poder do Dragão abissal, que os heróis sentiram seus corações pararem. Sentiram-se como ratos diante de um tigre feroz.
- Agora, mortais, sabereis por que sou chamado de Destruidor de Mundos – bradou Charoxx em um tom sinistro e imponente.

Contudo, movidos por sua própria coragem de ferro e pela canção de batalha de Astreya, todos continuaram avançando ferozmente. Como Oyama havia dito, agora era matar ou morrer.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Legend of the guardians


Boa noite, nobres amigos e visitantes! Deixo-vos esta noite em minha bola de cristal uma bela história captada pelo amigo gnomo Nubling Erkenwald, honrado aliado dos Salões de Valhalla em sua iminente guerra. Que esta vindoura saga possa demonstrar, como disse o sábio Nubling, "que se alguém tiver um sonho e batalhar duro nele pode torná-lo real, independente da raça".

E que numa dimensão tão pragmática e realista (em sentidos bons e ruins) como Midgard, tal história também possa trazer um pouco mais de fé nos sonhos e em vossos anseios por um mundo que seja mais justo, repleto de sentimentos como companheirismo, honra e lealdade, ao modelo de vossas dimensões fantásticas.



A pedido de mestre Erkenwald, trago-vos também a interessante canção que acompanha o relato desta tocante saga:


Kings and Queens - 30 seconds to Mars

Que os ventos da boa vontade e da coragem sempre vos acompanhem, nobres aventureiros.

Astreya Anathar.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Gates of Dawn


Boa noite, caros amigos! Hoje trago-vos uma bela canção que incluí em meu repertório, de uma dupla de compositores muito apreciada por esta humilde barda: o Secret Garden.


Fionnuala Sherry e Rolf Lovland são dois bardos noruegueses que uniram-se para trazer a todos nós belíssimas composições que abrangem músicas instrumentais e peças cantadas. Frequentemente fazem parceria com cantores, coros e musicistas para melhorar ainda mais suas canções e encantar o mundo com a beleza e suavidade de suas obras.


A canção de minha escolha para apresentar-vos este duo que tanto me agrada chama-se "Gates of Dawn" e conta com a belíssima voz de Karen Matheson e com o coral Anúna.


Que a beleza e serenidade desta canção sempre possam estar convosco, bravos aventureiros!



Gates of Dawn - Secret Garden

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Desde mi cielo - Do meu céu


Boa noite, bons amigos e visitantes! Hoje trago-vos uma bela canção sugerido pelo amigo Jaco Galtran, do blog Contos de RPG.


Primeiramente, apresento-vos um pouco da interessante história do grupo de bardos que a canto. O Mago de Oz é uma grupo espanhol que dedica-se a um estilo deveras curiosos, o folk metal, e nasceu em 1989. Já compuseram canções e albúns baseados em contos como Dom Quixote de La Mancha, nos conflitos religiosos da cidade de Belfast, e mais recentemente dedicam-se a uma trilogia de albuns intitulada "Gaia". Com a temática de Hernan Cortés e a conquista dos espanhóis aos astecas, dele saíram as pérolas "La Costa del Silencio" e "La Rosa de los Vientos", sendo consideradas grandes composições, inclusive no exterior. Para suportar esse álbum, a banda realizou vários concertos na América do Sul, e as composições envolviam dogmas religiosos, a destruição do planeta e a vingança de Gaia (mãe-terra).

A canção que vos trago hoje, no entanto, possui uma temática um tanto diferente. O eu-lírico da canção é um homem que fala dos céus a sua amada, pedindo a ela que não se entristeça mais por sua partida e que volte a se apaixonar e reconstrua sua vida. Sem dúvida, uma interessante perspectiva que nunca havia visto em canção alguma, e que já incluí em meu repertório!


Que os ventos da boa sorte e que a boa música estejam convosco, bons amigos!



Desde mi Cielo - Mago de Oz


Do Meu Céu


Agora que está tudo em silêncio

E que a calma me beija o coração

Quero dizer adeus a você

Porque chegou a horade seguir o caminho sem mim

Há tanto o que viver

Não chores, céu, e volte a se apaixonar

Me encantaria voltar a te ver sorrindo


Mas minha vida

Eu nunca poderei esquecê-la

E só o vento sabe

O que tens sofrido por amar-me

Há tantas coisas

Que nunca te disse em vida

Que és tudo que eu amo

E, agora que já não estou junto a ti,

Cuidarei de você daqui


Eu sei que a culpa aborrece você

E sussurra ao ouvido: "eu poderia ter feito melhor"

Não há nada o que censurar

Já não há demônios no fundo do cristal

E só bebo

Todos os beijos que não te dei


Mas minha vida

Eu nunca poderei esquecê-la

E só o vento sabe

O que tens sofrido por amar-me

Há tantas coisas

Que nunca te disse em vida

Que és tudo que eu amo

E agora que já não estou junto a ti

Vivo cada vez que falas de mim

E morro outra vez se chorar

Já compreendi que devo aproveitar

E sou feliz

Não chores, céu

E volte a apaixonar

Nunca me esqueça

Eu tenho que ir


Mas minha vida

Eu nunca poderei esquecê-la

E só o vento sabe

O que tens sofrido por amar-me

Há tantas coisasque nunca te disse em vida

Que és tudo que eu amo

E agora que já não estou junto a ti


Do meu céu

Eu te envolverei na noite

E te embalarei em seus sonhos

E espantarei todos seus medos

Do meu céu

Te esperarei escrevendo

Não estou só, pois a liberdade e a esperança cuidam de mim

Eu nunca lhe esquecerei.

sábado, 19 de junho de 2010

As Crônicas de Elgalor - Capítulo 5: Terror


Caros amigos e visitantes! Trago-vos no dia de hoje, sob a benção de Odin, o quinto capítulo das crônicas de Elgalor, no qual temos nosso primeiro contato com o dragão Charoxx...


A todos, desejo uma boa leitura, e que os ventos da boa sorte sempre vos acompanhem...


As Crônicas de Elgalor - Capítulo 5: Terror

Conduzidos por Hargor e Oyama, o grupo seguiu por trilhas ocultas nas montanhas, caminhos secretos dos anões que levariam todos ao covil de Charoxx, um dragão vermelho abissal com sete séculos de vida. Derrotando o dragão, os aventureiros conseguiriam uma chave, que os permitiria entrar na Torre do Desespero.

Como era de se esperar, ninguém estava com ânimo para conversas; eles haviam acabado de velar um batalhão inteiro de anões e estavam indo rumo a uma batalha que, mesmo se vencida, dificilmente seria ganha sem nenhuma baixa. Assim, o grupo caminhou em silêncio quase absoluto por cerca de meia hora. Quando a trilha parecia terminar em um enorme rochedo, a cerca de cem metros deles, Hargor fez sinal para todos pararem:
- Aqui é a entrada – disse o clérigo – é hora de nos prepararmos.
- Muito bem – respondeu Oyama – vamos acabar logo com isso. Não temos a noite inteira.
- Apenas um tolo corre em direção à própria morte – disse Aramil observando o rochedo, como se estivesse pensando alto.
- E apenas um covarde foge dela – retrucou Oyama aborrecido.
- Basta! – gritou Hargor.
- Estamos todos nervosos – disse Astreya em tom conciliador – vamos nos acalmar e prosseguir com os preparativos.
- Sábias palavras – respondeu Erol subindo agilmente em uma pequena colina para observar melhor a área – Supondo que o combate vá muito bem para o nosso lado, existem passagens alternativas por onde Charoxx possa escapar?
- Não, apenas aquele rochedo – respondeu Hargor em tom sombrio – para sair, ele teria que matar a todos nós primeiro.
- Ótimo! – disse Bulma repleta de confiança – isso significa que ele não vai fugir.
- Aquele rochedo não é real, não é Hargor? – perguntou Aramil olhando para o clérigo.
- Olhos perspicazes, elfo – respondeu o anão – há uma magia ocultando a entrada, mas como este é nosso território, nós anões podemos ver através dela.
- Existem pelo menos dez runas protegendo o lugar... – disse Aramil.
- Você pode desativá-las? – perguntou Astreya ao mago.
- É claro - respondeu Aramil com a arrogância de sempre – só preciso de alguns instantes. Mas antes...

Subitamente, o mago começou a se concentrar e fazer gestos rápidos e precisos com as mãos:
- Nobres espíritos elementais da água, ouçam meu chamado, e envolvam todos aqui presentes em vosso manto protetor.
Neste momento, todos sentiram como se uma tênue aura azulada envolvesse seus corpos.
- Isso nos protegerá contra o sopro de fogo do dragão, pelo menos no início – disse Aramil se voltando novamente para o rochedo.
- Ótimo – disse Hargor batendo sua arma no chão. Conforme o clérigo começou a orar, runas azuis brilharam em seu martelo de guerra, e uma aura prateada envolveu a todos.
- “Moradin, grande pai dos anões, invoco agora tua nobre benção para esta batalha. Que nossos espíritos e corpos recebam o vigor das montanhas, e que nossas armas golpeiem como o aço sagrado de tuas Forjas”

Enquanto a magia de Aramil protegera o grupo contra magias e sopros de fogo, a benção de Hargor tornara seus corpos e espíritos mais resistentes, além de consagrar as lanças matadoras de dragão com uma poderosa energia divina.

- Eu me encarrego de curar nossos ferimentos e renovar as proteções mágicas – disse Astreya tirando de sua pequena bolsa arcana um cajado branco e alguns pergaminhos.
- Certo – concordou Hargor tirando de dentro de sua armadura de batalha um pequeno amuleto em forma de martelo – Bulma, coloque isso em seu pescoço.
- Para quê? – respondeu Bulma olhando curiosa para o amuleto.
- Vai proteger você contra controle mental caso o dragão enfraqueça a proteção que Moradin nos deu – respondeu o clérigo.
- Guarde com você – disse Bulma devolvendo o amuleto – ainda não houve ser neste mundo capaz de dobrar minha força de vontade.
- Se este for o primeiro – disse Oyama com um olhar sério para a bárbara – ele vai jogar você contra o resto de nós...
- Não podemos correr este risco, Bulma – continuou Erol percebendo a relutância da bárbara – Se não colocar o amuleto, você não entrará conosco.

- Muito bem – respondeu Bulma após alguns tensos instantes, colocando o amuleto de Hargor - mas só porque isso foi abençoado pelos deuses da guerra. E outra coisa, elfo...
- O que foi? – respondeu Erol.
- Eu vou onde quero, e da próxima vez que você tentar me ameaçar, é bom estar com as espadas em punho – disse Bulma olhando fria e severamente para o ranger.
- Vou me lembrar disso – disse Erol se virando e caminhando na direção de Aramil.

Antes que Erol chegasse, Aramil estendeu as duas mãos na direção do grande rochedo e um vento forte partiu de seus dedos, e todos ouviram um grande estalo.
- Pronto... – disse Aramil exausto, secando gotas de suor de sua testa – todas as runas foram removidas.
- Chegou a hora! – gritou Oyama batendo uma mão contra a outra.

O grupo avançou em direção ao imponente rochedo. Hargor entrou primeiro e os demais, mesmo vendo uma intransponível barreira natural, fecharam os olhos e seguiram em frente. Ao passar pela entrada, todos se viram em um gigantesco corredor de rocha vulcânica, com filetes de lava correndo pelo chão e pelas paredes. O calor incomodava, mas não feria, graças à proteção conjurada por Aramil.

Conforme andavam, todos sentiam como se seus espíritos estivessem sendo esmagados por uma presença invisível, absurdamente antiga e poderosa. Astreya instintivamente pegou sua harpa e começou a entoar uma canção para encorajar seus companheiros, quando todos ouviram uma voz grave e maliciosa ecoando por todo o imenso corredor:

- Sejam bem vindos, nobres “heróis”. Tenho certeza que me trouxeram doces oferendas para compensar os servos orcs que vós e aqueles malditos anões matastes. Ficarei com vossa barda e estas ignóbeis lanças, além do resto de vossos pertences mágicos. Venham a mim, bravas almas, pois Charoxx, o Destruidor de Mundos, também vos dará um belo presente...

No instante seguinte, um pulso de energia percorreu ferozmente o amplo corredor, anulando todas as proteções mágicas dos nobres salvadores de Elgalor...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sob a lua (Antes da tempestade)

Caros amigos e visitantes, trago-vos este relato ainda em homenagem ao mês daqueles que se amam, juntamente com uma bela canção que costumava tocar em Sírhion... tal relato realmente aconteceu e está gravado em minha memória e coração...

Que a bem-aventurança dos sentimentos nobres e sublimes sempre estejam contigo, nobres amigos...


Sob a lua (Antes da Tempestade)

Fui até a sacada do palácio de Sírhion respirando fundo. A noite cobria cada canto como um manto de ônix, e a pálida luz de uma lua minguante não valia de muita coisa. Sentei-me em um banco; a sacada é grande, uma bela estrutura de madeira, com plantas e flores se entrelaçando em suas colunas. Tudo o que os elfos fazem, afinal, está em harmonia com a natureza. Parecia que, com meu nervosismo, eu era a única coisa que não estava combinando com aquele cenário, com a paz escura daquela noite. Se bem que, mesmo ali, as noites pareciam maiores, mais escuras e mais sombrias.
Ouvi passos vagarosos de alguém adentrando o meu refúgio noturno, minutos depois. Meus ouvidos, acostumados a reconhecer qualquer tipo de som, sabiam a quem eles pertenciam; eu conhecia o jeito de andar do rei de Sírhion. Olhei para a porta de entrada e o vi; quando ele me percebeu, havia surpresa em seu rosto. Embora estivesse escuro, meus olhos já haviam se acostumado, naquela altura, à iluminação quase inexistente. Preocupado, ele andou até a minha direção. Eu baixei o olhar. Não queria ver seu rosto. Não queria me lembrar daquilo que havia sonhado, há cerca de meia hora atrás.


(...) Estava frio. Eu estava na câmara mortuária do palácio de Sírhion. Vários túmulos de mármore esculpidos guardavam corpos de reis, príncipes, rainhas, guerreiros, clérigas, generais, enfim, de pessoas caras e importantes ao reino. No entanto, um deles não estava desocupado e reluzente como os outros; havia um corpo sobre ele, ainda conservado, sendo velado ali por algum motivo que me escapava. O rosto sem vida, pálido como a cera de uma vela, as mãos entrelaçadas ao cabo de uma espada ornamentada que repousava sobre seu peito, e uma bela túnica azul e prateada. Eu me aproximei, sentindo o quente das lágrimas escorrendo, beijei a testa, as mãos e os lábios de Coran morto, numa intimidade que nunca havíamos tido, mas, que todos os deuses sabiam, eu – e tinha praticamente certeza, nós - desejávamos. E fui embora vestida para uma batalha (...).

- Lady Astreya, está se sentindo bem? – ele perguntou, tirando-me de meus devaneios.
- Sim – eu respondi prontamente, com a voz falhando um pouco, agradecendo por estar escuro e ele não poder ver meu suor e as lágrimas que se formavam em meus olhos – perdi o sono, apenas isso. Perdoe-me majestade, se eu o incomodei.
- Não – ele sorriu um pouco desconfortável; não gostava que eu o chamasse de majestade o tempo todo, mas eu devia a ele respeito – você não me incomodou. Eu não durmo após a madrugada. A maioria de nós não dorme, na verdade, mas fica em seus aposentos esperando a noite passar. Mas você costuma dormir. Eu sei o que acontece com você para acordar no meio da noite. Teve alguma visão?
Eu me virei, incapaz de responder, descontrolando-me muito alem do que gostaria. Apertei o roupão que usava para cobrir minha camisola ainda mais; um vento frio soprava agora, forte o bastante para afastar meus cabelos do rosto.
- Não foi nada demais, apenas pesadelos envolvendo eventos passados, quando fiquei presa no calabouço do Cavaleiro Negro – foi a melhor desculpa que pude arranjar, agora que ele havia percebido meu nervosismo, se isso já não havia acontecido antes.
Ele tocou meu ombro levemente.
- Também não gosto de me lembrar disso – sua voz era grave.
- Vocês foram para lá rápido – eu atalhei – evitaram que o pior acontecesse. Não gosto de me lembrar de como me senti lá dentro, pois achei que todos vocês tivessem morrido...
Quando falei essa palavra, o nó que havia se feito em minha garganta pareceu se desfazer para o pior. Era o pranto que estava guardando o tempo todo vindo a tona. Na masmorra do Cavaleiro Negro, eu não chorei. Estava tão chocada e revoltada, que não chorei. Quando acordei do pesadelo, não chorei. Agora, as duas coisas se misturavam e o medo do que poderia vir se apoderava de mim. O que havia sido aquele sonho, aquela visão?
Ele me virou delicadamente e me abraçou. Depois, me afastou levemente e levou a mão até o meu rosto, secando minhas lágrimas.
- Eu não sei o que mais você viu que não está querendo me contar – ele disse, com a expressão tranqüila – mas você está com medo. Todos estamos. A noite está mais escura, o ar está pesado. São tempos difíceis. Sei que suas visões são acuradas, mas não se impressione tanto. Você mesma me disse uma vez que todo destino pode ser mudado. Você já previu a queda de seu grupo. E estão todos vocês, a exceção de Evan, vivos. Até mesmo por causa de suas visões, vocês mudaram seus cursos de ação e puderam moldar seus destinos de maneira melhor.
Eu fiz um sim com a cabeça.
- Você tem razão – eu respondi – eu apenas não quero que nada aconteça aqui... e com você.
- Nada vai acontecer – ele disse, sorrindo ao me ouvir dirigindo-se a ele com um pronome de tratamento mais adequado a um amigo de longa data – e eu não tenho medo, Astreya. Não por mim. Mas eu sei que dizer isso não vai deixá-la mais tranqüila, assim como não me deixaria mais tranqüilo ouvir o mesmo de você.

A situação já estava bem clara aos olhos de nós dois. Mas algo que ia além do desejo de sermos discretos e respeitosos um com o outro nos impedia de levar qualquer intenção de deixar tudo ainda mais claro adiante, uma certa apreensão que preenchia nossos corações. Era um medo, afinal, do que poderia acontecer. Ele pareceu se adiantar, no entanto. Me apertou forte em seus braços, e eu, cedendo aos meus sentimentos, coloquei minha cabeça em seu peito. Alguns criados e pessoas da corte já começavam a aparecer nos corredores. A manhã já ia romper, afinal. Levantei a cabeça um pouco apreensiva, no que ele beijou minha testa. Surpresa, toquei seu rosto e fechei meus olhos aproveitando aquele momento.

- Pela tarde – ele disse, soltando-me mas sorrindo – eu quero falar com você, Lady Astreya, minha barda real.

Eu sorri.

- É claro – fiz uma pequena mesura.

- Vossa Majestade – a voz de um criado ressoou atrás de nós – Perdoe-me. Tens uma visita, e ele diz que é urgente.

Nos viramos, um pouco embaraçados - no entanto, tal sentimento foi rapidamente encoberto por outro, o de surpresa e, logo depois, de apreensão. Pois atrás do criado, havia ninguém menos que o Senhor dos Ventos.