Boa noite, amigos e visitantes! Com grande honra, trago a vós a continuação das Crônicas de Elgalor, sob a penção e pena de Odin. Agora, o grupo formado pelo acaso e pela necessidade terá seus problemas para voltar a ativa...
As Crônicas de Elgalor – Capítulo 21: Depois da tempestade (parte 1)
Por Odin.
Astreya abriu os olhos assustada. Quando olhou ao redor, viu um quarto branco, com várias janelas que o mantinham bastante iluminado. Ela estava deitada em uma cama, vestindo uma túnica branca com detalhes prateados. Ao virar o pescoço um pouco para a esquerda, viu que havia alguém sentado em uma cadeira de madeira ao lado de sua cama.
- Está se sentindo melhor? – perguntou o rei Coran, aliviado ao ver a barda desperta.
- Coran! – gritou Astreya se surpreendendo com a altura da própria voz – minha voz voltou. Onde estamos? O que aconteceu com os outros?
- Calma – disse Coran se levantando – está tudo bem agora. Estamos nas casas de cura de Sírhion. Já faz três dias desde o confronto com Thurxanthraxinzethos.
- E os outros? – perguntou Astreya – me lembro de você me carregando, dizendo que tudo ficaria bem, mas não me lembro de mais nada depois...
- Depois, Bheleg e eu levamos vocês para Sindhar – continuou Coran – o rei Thingol foi... generoso, e apesar de vocês não serem elfos, ele permitiu que permanecessem em Sindhar por cerca de meio dia, depois, trouxemos vocês para cá.
- Coran, e quanto aos outros? – perguntou Astreya aflita – me lembro de Thurxanthraxinzethos ter cortado as pernas de Oyama, rasgado Bulma ao meio... sem contar Erol...
- Thamior já se encarregou de Oyama e Bulma – respondeu Coran com gentileza, tentando acalmar Astreya - ambos estão em perfeita ordem. Mas Erol infelizmente estava morto quando chegamos, além de qualquer ajuda que pudéssemos dar.
Astreya baixou os olhos tentando esconder o choro e o medo que sentia cada vez que se lembrava do que ocorrera na Floresta de Elvanna. Coran colocou a mão em seu ombro e disse:
- Sei o que vocês passaram, mas saiba que o sacrifício de vocês, e principalmente o de Erol não foi em vão. Graças aos seus esforços, o ritual de Gruumsh que traria um de seus arautos não pôde ser completado. Vocês se saíram bem, Astreya.
- Não o bastante para todos voltarmos vivos – retrucou a barda enquanto enxugava suas lágrimas – o que houve com Hargor e Aramil?
- Aramil se feriu gravemente e estava à beira da morte, mas foi curado pelos clérigos de Sindhar – disse Coran - Hargor estava em uma situação ainda pior, mas Bheleg conseguiu encontrá-lo a tempo, e foi possível que os clérigos de Sindhar o curassem também. Descanse agora. Você precisa se recuperar. Vocês todos precisam.
- Minha voz já voltou, e todos os ossos que Thurxanthraxinzethos havia quebrado estão curados – respondeu Astreya.
- Não estou falando de seus corpos, Astreya – respondeu Coran – estou falando de seus espíritos.
- Não há tempo para isso, Coran, digo, vossa majestade – disse Astreya fazendo uma pequena mesura – precisamos ir até a Torre do Desespero.
- Não – disse Coran de maneira bastante seca – não vou permitir.
- Mas você não pode... – disse Astreya estranhando a mudança de atitude em Coran.
- Sim, eu posso – respondeu Coran de maneira ainda mais fria – você principalmente, Astreya, é súdita de meu reino há mais de cinco anos. Como seu rei, eu lhe proíbo de participar do grupo do Senhor dos Ventos. E se minha autoridade permitir, nenhum de seus amigos continuará nesta contenda suicida.
Astreya abriu a boca para protestar, mas Coran virou as costas e caminhou para a porta.
- Não torne isto mais difícil do que precisa ser – disse Coran sem olhar para trás – não me obrigue a fechar o punho da mesma forma que Thingol.
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Em meio a uma clareira, Oyama chocava seus pés e punhos violentamente contra pedras e rochas, tentando aliviar um pouco sua ira. Próximo a ele, estavam Hargor, que olhava pensativo para o céu e Bulma, que permanecia mortalmente calada.
- Maldito Thurxanthraxinzethos! Quando eu encontrar você, seu desgraçado filho de uma cocatriz – disse Oyama enquanto partia uma rocha em pedaços com um soco – EU VOU ARRANCAR SEU COURO E FAZER UM SACO DE PANCADAS COM ELE!!
Hargor se levantou e olhou para seu amigo.
- É isso que você quer? – perguntou o clérigo.
- Sim! – respondeu o monge – é isso que eu VOU fazer!
- Ótimo – disse Hargor – então pare de desperdiçar seu tempo e me ajude a reunir os outros. Vamos acabar com a missão que começamos e depois voltamos para Darakar. Lá, vamos continuar com o treinamento que Durin começou dois anos atrás e quando for a hora, vamos caçar Thurxanthraxinzethos e fazer o bastardo se arrepender de ter nascido.
- E você, Bulma? – perguntou Oyama enquanto enxugava o suor com a própria barba – vem conosco?
- Não – respondeu a bárbara rispidamente – Não quero nunca mais ver suas caras feias de novo, fracotes incompetentes – vou sozinha atrás de Thurxanthraxinzethos, e vou torturá-lo tanto que até os clérigos de Erythnul vão sentir pena dele.
- O que aconteceu com Erol não foi sua culpa, Bulma – disse Hargor ignorando as ofensas da bárbara.
- Você não estava lá para ver, idiota – respondeu Bulma ainda mais agressiva.
- Você é indisciplinada, irresponsável e inconseqüente – gritou Hargor – se estivéssemos em um exército anão, você já teria sido enforcada por má conduta depois da primeira batalha. Mas...
- Mas? - perguntou Bulma.
- Não somos uma tropa de anões perfeitamente organizada – respondeu o clérigo – mas somos uma equipe. Precisamos uns dos outros se quisermos realmente fazer alguma diferença significante como indivíduos. Precisamos ficar juntos.
- Bulma... – começou Oyama – Se eu matar você por acidente como você fez com Erol, não vou perder nem uma hora de sono. Temos que ser cuidadosos e cobrir os flancos uns dos outros, como Hargor vive cobrando principalmente de nos dois, mas em uma guerra, tudo pode acontecer. Se não pudermos encarar isso, é melhor “aposentar a espada” e virar fazendeiro de uma vez.
Após um tenso momento de silêncio, Bulma se levantou e ergueu seu machado.
- Eu não nasci para ser fazendeira, e não vou perder um segundo de sono se você morrer, Oyama. Mas... – disse a bárbara olhando para Hargor – Vou me esforçar para lutar dentro da formação.
- Ótimo – disse Oyama – agora é só pegarmos Astreya, o cretino do Aramil e seguirmos para as Terras Sombrias.
Hargor novamente olhou para o céu e coçou a barba. Algo lhe dizia que desta vez não seria tão simples assim reunir o grupo novamente...
Ainda bem que estão todos recuperados da batalha... mas o trauma certamente foi profundo e unir esse pessoal não vai ser fácil. Obrigado Odin pelo cativante conto e Astreya pelo maravilhoso espaço!
ResponderExcluirObrigada a ti, nobre clérigo, por apreciar meu humilde cancioneiro e o espaço de Odin.
ResponderExcluirE o conto de Odin, perdão!
ResponderExcluirOs corpos podem estar curados, mas as feridas da alma são sempre mais profundas e demoram muito mais para cicatrizar. Ainda me lembro daquele monstro invisível caçador de cabeças que me encurralou, estava completamente indefesa e temia pela vida de minha filha que ainda crescia em meu ventre. Uma historia que não gosto de recordar. Parabéns Odin pelo conto e tomara que o próximo capítulo saia logo.
ResponderExcluirObrigada, nobre Verhanna... tens razão. Foi difícil cicatrizar as feridas que esta batalha nos trouxe. Espero que teu coração agora tenha encontrado um pouco de paz como o meu encontrou, embora ainda me doa lembrar de alguns fatos do passado, como este...
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